Sclerocarya birrea é o nome da árvore popularmente
denominada marula, típica do bioma das savanas da África oriental (parte do
continente que é banhado pelo oceano índico). Da família Anacardiaceae, seus
adocicados frutos são apreciados e possuem pele amarela clara, polpa branca e
riqueza de vitamina C. O licor é preparado a partir da fermentação da polpa dos
frutos da marula, industrializado por uma empresa da África do Sul, e reconhecido
como o espírito da África. Na fermentação, que dura entre 7 a 10 dias, temos a
conversão dos açúcares da fruta em álcool, mas o processo até o produto final
dura mais de anos.
A procura pelo
licor é intensa, além de ter sido eleito três vezes consecutivas o melhor licor do mundo pela The International Wine
& Spirit Competiton. Apesar da demanda, cultivos extensivos da marula não
são comuns, e a árvore geralmente se espalha pelas savanas de forma natural.
O fruto da
marula é importante para diversas comunidades rurais africanas, por ser uma
espécie de ampla distribuição e resistência à seca e, portanto, fonte de
recursos até em épocas de dificuldade. As crenças que envolvem a planta também
são inúmeras. Entre os Ndebele (Zimbabué) a infusão de folhas e raízes é
tradicionalmente usada para lavar o corpo de pessoas para impedir que espíritos
malignos possuam um membro da família. Também é conhecida como “árvore do
casamento” e seu nome no idioma zulu é “umganu”, que significa “casar ou
tornar-se noiva”. Algumas tribos relacionam a fecundidade e produtividade da
área cultivada com a Sclerocarya birrea
com a fertilidade de suas mulheres. Diz-se que a probabilidade de engravidar é
aumentada após comer o fruto, enquanto que é possível escolher o sexo do bebê
através de uma preparação feita de árvores femininas ou masculinas.
A ligação
entre os elefantes e a marula também é forte, sendo cobiçado alimento por esse
animal. Uma lenda difundida há anos conta que os elefantes se embriagam nas
savanas com o consumo dos frutos fermentados. Por ser uma história atraente,
permeia o folclore, alimenta curiosidade e a indústria de turismo. Contudo, é
improvável que isto realmente ocorra. Seria necessário ingerir muitos e
muitooos quilos de frutas fermentadas.
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